segunda-feira, 6 de abril de 2009

Os inimigos do homem são os da sua própria casa...


Até quando? Esta talvez seja a pergunta interna mais feita por aqueles que observam o mundo ao seu redor. Até quando a morte não nos incomodará mais, o adolescente armado não nos perturbará mais, as balas achadas e perdidas não nos assustarão, os bandidos fardados não nos deixarão estupefatos? Até quando será normal o sexo barato e chulo, a pornografia exacerbada em nome de uma falsa arte e a infância sendo roubada por pedófilos?

O problema é que não nos apercebemos ainda que o mal está dentro de casa, na mão que balança o berço. Pais são hoje sequestradores de filhas que são tratadas como escravas sexuais. Mães jogam bebês indefesos na lata de lixo ou no esgoto. Paixões fazem o amor desaparecer e trazem com elas crimes hediondos. Os que deveriam proteger são os primeiros a bater e a envergonhar. Definitivamente está tudo errado e o pior: não temos desculpa nem o álibi de argumentarmos que fomos pegos de surpresa pelo ineditismo de tais situações. Não! Nada há de inédito em tudo isso.

Já desde o século VIII a.C., um homem chamado Miquéias anunciava a sudoeste de Jerusalém, que os piedosos haviam desaparecido da terra e que não havia um justo sequer. Todos armam ciladas e caçam seus irmãos. O príncipe procura o mal e o juiz julga mediante suborno. Todos tecem o mal. O melhor deles? Miquéias diz que os melhores são comparados ao espinho; e finaliza sem medo de afirmar o porquê disso tudo acontecer: o filho despreza ao pai, a filha se levanta contra sua mãe; a nora contra sua sogra. Enfim, os inimigos do homem são os da sua própria casa (Mq 7,2-6).

A conclusão milenar de Miquéias deixa claro para nós que a maioria dos problemas gravíssimos de falta de humanidade, respeito, solidariedade e compreensibilidade acerca do próximo são gerados nas casas, onde o mandamento da honradez sobre pai e mãe (Ex 20,12) inexiste e o que mais se encontra são cada vez mais aglomerados de pessoas e menos famílias de verdade.

O “lar”não só não é mais doce, como também está se acabando. Aqui está o problema – em querermos consertar os políticos de Brasília e converter os nossos vizinhos; se esquecendo porém de que muitas das vezes dormimos com o inimigo e nem ligamos.

Se já sabíamos disso há tanto tempo, porque nada ainda foi feito? Ah, talvez porque deva ser bem melhor continuar falando mal dos erros alheios, discutindo sobre o que faríamos com um milhão de Reais, criticarmos os pais que deixam seus filhos de lado e ainda esperarmos os corolários se desenrolarem para que aí – e somente aí – pudéssemos tratar. Afinal de contas, dá muito trabalho ser exemplo e espelho nítido imaculado, refletindo tão somente a boa dádiva de Deus.

As coisas estão piorando tanto, que corremos o risco de daqui a dez, vinte anos, chegarmos ao ponto de lembrarmos com saudade desta época em que hoje vivemos, falando dela como um tempo de paz e harmonia do qual sintamos saudades...
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Só Vitória!

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