quinta-feira, 30 de abril de 2009

Minha sogra e a gripe...

Minha sogra me pediu ontem à noite, que o artigo de hoje fosse a tal gripe suína, que alguns têm chamado de mexicana – e que, independente da nacionalidade do porco, tem ocupado as manchetes dos jornais e sido figura fácil nos noticiários televisivos do mundo inteiro. Então lá vai...

Pensei no que poderia comentar sobre o assunto e descartei logo de início falar sobre o viés técnico da tal quase pandemia. Além de ser bem trabalhoso ir por este caminho, não achei que fosse ser muito interessante. Comentar também sobre o número de casos suspeitos e de mortes já confirmadas, além da chegada do desespero ao Brasil, seria bem triste e trágico. Decidi falar então sobre a alegria de uns em meio a total desgraça de outros; de moda e de economia – acho que é isso.

Sabemos que o México – principal país envolvido nessa “questão suína”, tem aparecido em todo o mundo e já é normal associar os mexicanos àquelas máscaras estilo Michael Jackson. Notei aqui dois detalhes: 1º) as farmácias que as vendem e principalmente as fábricas das tais máscaras têm ficado muito felizes e com mais dinheiro. 2º) daqui a pouco inventarão algumas mais estilosas do que as tão simplórias de cor azul. Que tal combinando com as roupas, ou modelos mais divertidos com o desenho da boca; ou ainda com o escudo do meu time favorito, a foto do presidente ou o logo de uma marca famosa – máscaras CK, já imaginou?

Fato é que assim estamos e assim sempre fomos. Enquanto uns choram e contam seus mortos, outros riem e ganham com isso. O trágico ciclo da lei da oferta e procura pode até não fazer com que as tais máscaras fiquem personalizadas, mas que logo logo, persistindo a tal gripe, os preços aumentarão - isso sim.

Da mesma forma que em meio a guerra que mata milhões e esfacela famílias inteiras, que nem têm tempo de chorar suas perdas, existe em contrapartida empresários e traficantes de armas muito felizes – pois são com os seus “brinquedos” que a matança é possível. E o governo? Assim como no caso dos cigarros, muita campanha televisiva de fachada, mas muita alegria com os impostos arrecadados com a indústria, tanto a bélica, quanto a das drogas legalizadas, neste caso, o cigarro.

Enquanto a guerra pode ter o custo da vida que se esvai, a paz tem o custo da não venda das armas novas, das tecnologias de ponta etc. Além disso, a guerra tem o poder de criar heróis com uma enorme facilidade, diferentemente da paz.

A situação da gripe e dos que estão circundados por ela não é tão simples. De fora, poderíamos chamar de insensato e sem coração aquele que aumentou o preço da máscara em sua farmácia por causa da enorme procura – capitalismo selvagem diríamos! Todavia, como já disseram, o mundo se divide entre aqueles que compram e aqueles que vendem. Sendo que os que vendem, sempre compram também e em não poucos casos, os que compram o fazem para vender. Isso significa apenas que vai depender do lado que estivermos para acharmos desumana ou benéfica determinada atitude em relação à gripe.

Se acabei de ficar doente ou se um dos meus familiares adoeceu e corre risco de morte, será mais do que normal achar desrespeitoso, desumano e afrontador o preço das tais máscaras subirem. Contudo, se eu sou dono da fábrica que as produz ou ainda um funcionário de uma dessas tais indústrias, que passou a ter garantido o seu emprego, pelo menos por mais um período de tempo, graças a esta inesperada epidemia; poderia chegar tranquilamente ao absurdo de proferir frases do tipo: tal gripe está sendo uma benção para mim!

Só vitória no Cristo que nos orienta a remar contra a maré de rir da desgraça alheia e tentar, ainda que difícil seja, chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram (Rm 12,15). Como se chama isso? Jesus a chamou de compaixão!

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