quinta-feira, 9 de abril de 2009

O importante mesmo é parar e amar!

Vivemos num mundo de internet – isso é um fato – e sendo assim um mundo mais rápido, mais dinâmico, mais digital e por isso, menos sensível, menos interdependente. Somos levados a confundir interatividade com inter-relacionamento; porém, enquanto aquela busca promover o feed back do ser à máquina, esta última se preocupa em estabelecer relações entre os seres, através dos próprios seres, sem nenhum artefato ou intermediário.

Na correria forçada dessa globalização contemporânea, paramos as vezes por força das circunstâncias, seja num engarrafamento, num acidente, numa doença, numa morte; enfim, na verdade não paramos e sim, somos parados. Não nos damos oportunidade de sentir e sim, sem querer, por descaso da nossa atenção exacerbada no instante, nos “pegamos” prestando atenção naquilo que sempre deveríamos ter observado – o próximo.

O próximo pode “ser eu”, pode ser você, pode ser da sua família, professar sua religião e crença ou não; pode ser tão espiritual ou extremamente herege, pode ser muito recatado ou completamente desavergonhado; pode ser velho ou criança, pode ser quem você nem vê, ou quem vê você sem você saber. O que importa mesmo não é saber quem é o próximo, mas enxergá-lo como próximo. A larga distância entre o “totalmente outro” para o “bem próximo” aumenta a cada dia por causa da nossa insistência no EU.

Numa época poderosamenete milagrosa para o comércio – afinal, até coelhos botam ovos nestes dias – e de total corre-corre desenfreado pela caixa de bombom mais em conta, saborosa e que possa ser parcelada, se possível fosse, até a páscoa do ano que vem – é interessante refletirmos sobre o amigo que parou (mesmo em meio a correria do dia a dia) e amou a um desconhecido, porque já tinha amado antes de parar. Estamos falando do famoso e tão raro bom samaritano, usado como exemplo de misericórdia e compaixão por todos os círculos espirituais desse mundo.

O simples ato de parar está bem distante de nós, justamente porque afirmamos não termos tempo. Nos deparamos no meio da rua, com um conhecido que há muito tempo não víamos e impulsivamente perguntamos (para nos arrependermos logo em seguida) se está tudo bem, rezando enlouquecidamente para que o ‘coitado’ responda que sim. Afinal de contas, se ele tiver a ‘audácia’ de querer nos contar algum problema, já estaremos a umas 300 passadas a frente, logicamente com pressa.

Será que o ferido no meio da estrada da vida, seria atendido por nós hoje em dia? Talvez sim, talvez não. Mas fato é que dificilmente o seria pelos espirituais de plantão ou pelos ministros religiosos de hoje – com agendas tão lotadas, que cada vez mais se perdem no propósito do chamado que ousam afirmar possuir.

Não há pessimismo demasiado em minhas palavras, há realidade e exatidão. A história se repete e os personagens só têm nomes diferentes. Mas os profetas continuam a profetizar paz onde não há paz; os pastores só continuam se alimentando da máquina que enriquece alguns de bens sem bem e fazem outros não terem nada – mas possuírem o que interessa.

Quero terminar por aqui, pois o intuito desse recado é destacar a parada do amor. Assim, para não nos perdermos, deixamos para outro momento os comentários sobre temas como “o pão e circo pentecostal”; “nepotismo evangélico”; “pastores sem pastor”; “dízimo como arrêgo” etc e tal. Por agora, permanece o maior de todos: o amor.

Beije sua esposa, sua noiva, sua namorada! Abrace como se fosse a primeira e a última vez a seus filhos. Enfim, pare para amar e ame parado (com bastante calma).

Só vitória nEle, que como já dizia o sábio, nos orientou a gozar a vida com a mulher que amamos e a comer e beber do fruto do nosso trabalho – porque isso faz parte dessa vida debaixo do sol (Ec 5,18 / 9,9).

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