sábado, 18 de abril de 2009

Converter, inverter e reverter

O português é realmente riquíssimo. Tão nobre ele é que a primeira frase aqui utilizada é também oração. Tão sensacional que a mesma carrega consigo fortíssima dubiedade: será o Manoel – Português da padaria – rico? Endinheirado? Ou será a metonímia que me permite dizer que a língua portuguesa é vasta e detalhista? E a tal da oração da primeira parte deste testo texto – é uma expressão sagrada ou frase dotada de verbo?

Apesar de tão desprezado, o tal do português – tanto o da padaria (frequentemente alvo de xenofobia) quanto a Língua – ambos possuem seu valor. Falarei aqui e agora apenas da linguagem, ok?

Para tal tagarelice textual – se é que isso é possível – me utilizarei apenas de três palavrinhas que são verdadeiros palavrões, quando correlacionadas aos seus significantes. Confesso também que fui pego de surpresa ao percebê-las soltas, cada uma na sua conotação, em textos distintos que saboreava – eu não estava comendo o texto, certo? – e resolvi então verificar, de forma mais minuciosa, a fim (separado) de dissipar tal mentecaptação – ô palavra bonita essa! Embora talvez nem exista.

O interessante corolário (consequência é bem melhor de ser usada) a que cheguei é que converter sem inverter é reverter! O engraçado mesmo é que a definição básica de converter – aquela primeira explicação que aparece no dicionário – é trazer a melhor vida (sem crase) e conduzir à verdadeira (que pelo menos assim se julgue) religião (com crase). Ou seja, é um vaivém – que também é um vemevai, dependendo de onde se olhe. É fazer com que a melhor vida venha e concomitantemente fazer com que se vá até a verdadeira religião. Mas o mais (sem i e depois com i) surpreendente é a idéia de condução à vida. Será neste sentido que o termo gozará de utilização nas igrejas – com a pretensão de levar as pessoas até uma verdadeira vida em oposição a uma simplória condição de existência.

Porém, quando ofereço uma conversão que não produza inversão, ela se torna reversão revertida de sentido. Pois conversão mesmo, além de inverter, faz verter (Graça, amor, alegria, ousadia e muito mais). Essa conversão que inverte é conversão provocadora e assim genuína. É aquela que me faz virar em sentido oposto ao (dito) natural – é a que me coloca em ordem inversa, que me vira ao avesso e assim me tira da inércia e do status quo – essa inversão seria entendida como algo ruim, péssimo e não desejado, se a versão fosse honesta, correta, temente a Deus. Todavia, como o correto é ser incorreto; como a honestidade é tida como um homônimo da esperteza; conversão tem que obrigatoriamente gerar inversão. Pois, se os valores se inverteram, aqueles que se invertem aos valores, são os que alcançam o verdadeiro valor.

Agora, se digo que fui convertido (ou me converti) ao cristianismo, mas me amornei – eu apenas reverti – regressei – e não como cunho psiquiátrico, no intuito de acertar algo em meu passado. Não! Regressar aqui é retroceder mesmo – é voltar, não ao primeiro e desejável amor, mas ao ponto de partida. Mas que ponto de que partida? Da nossa vida? Então é voltar ao nada – à existência sem Deus e assim sem vida real – ao ponto onde estávamos antes de encontrá-lo e conhecê-lo. É vida que não verte. É existência que não significa nada. É conversão sem metanóia. É o já citado estado de mentecapto. Um fim de semana convertido e convergido a Cristo para todos nós!

Só vitória nesse Cristo, que verte vida sobre nós, ainda sem que a nossa existência tivesse existido! Pois, por meio dele, fomos escolhidos e predestinados em amor, antes mesmo da fundação do mundo (Ef 1,3-5).

2 comentários: