domingo, 26 de abril de 2009

Imitadores

Nossas reações falam realmente muito mais sobre nós do que podemos imaginar. Não há segredos que o homem tente esconder que o corpo não revele – ou seja – ainda que tentemos ocultar alguma coisa por trás de parolas e rebuscadas palavras de mortais sem nenhum rebusque, o que realmente sentimos e somos, em algum tempo, às vezes na frente de quem menos esperamos, será descortinado e teremos o nosso mais profundo e sujo interior revelado.

Pode ser que demore um pouco até que todas as máscaras caiam, mas ninguém consegue encobrir por tanto tempo e de tantas pessoas o que realmente é. Sem contar o ilustre fato de que somos big brotheriados por quem nem imaginamos – quantas vezes alguém me diz que ouviu alguém falar que me conhecia, ou que lembra de mim do tempo do colégio – enfim – pessoas de que eu nem tenho noção, de que nem lembro – não por desprezo meu ou por total soberba, mas na grande maioria por que realmente não os conheço – nunca os vi – contudo, fui olhado por eles – ou seja, observado – talvez num gesto, numa palavra, numa atitude, numa conversa com um filho deles, enfim – alguns alguens me observavam – e o melhor (ou seria pior?) eu nem percebi.

Digo melhor, porque talvez se tivesse percebido – talvez não, certeza absoluta – teria tentado impressioná-los e aí não teria sido autêntico, eu mesmo, com todos os meus sensacionais defeitos. Por falar neles – nos defeitos – abro aqui um parêntesis (sem parêntesis) rápido – têm coisa mais patética do que a fútil afirmação de algum famoso dando entrevista e dizendo que não se arrepende de nada do que fez e sim só do que não fez? Ah, tem sim, a jactância transviada de humildade de alguns que respondem a essas mesmas entrevistas que os seus maiores defeitos são o perfeccionismo e a cobrança interna dos erros que cometem. Ou seja, são seres que implicitamente se acham tão perfeitos ao ponto de não aceitarem que erram e até mesmo de fazerem de seus erros encubados, virtudes.

Mas porque então, mesmo sabendo que temos centenas de câmeras man ao nosso redor, fingimos e não somos? Já reparou o jogador que cai no chão e se rola, se contorce de aparente dor, coloca a mão no olho e quando você, em casa, observa o replay, de uma das 30 câmeras que “fazem” um jogo, percebe que ele nem foi tocado pelo adversário? Porque fazemos isso?

Talvez jamais consigamos explicar muito bem tal fato, porém, alguns parecem gostar tanto de ser o que não são, que acabam até mesmo acreditando que são o que nunca foram realmente. São verdadeiras mentiras ambulantes; que a partir de uma simples meia-verdade (que é sempre uma mentira completa) se sentem na necessidade de criarem um mundo ao seu redor – são mentes brilhantes de pessoas sem pessoalidade – que existem vivendo a vida de outros.

Para os imitadores de plantão, que gostam tanto de copiarem a realidade que suas férteis imaginações criaram, um bom exercício seria se imitassem a Cristo (I Co 11,1). Assim, uma vez que fosse, naturalmente observado pelos vizinhos que nos observam em todos os lugares por onde andamos, estaria indiretamente levando vida e cura de alma até essas pessoas. De modo que a nossa sombra – o reflexo de nossos passos – o refletir da nossa verdadeira vida sem máscaras e camuflagens – possa transmitir o poder gracioso de Deus, que deve existir em nós.

Só vitória nesse Jesus que faz com que meros Pedros, curem em seu nome, até mesmo sem perceber; e que suas vidas gerem vida, até mesmo sem saberem; pelo simples fato de que Cristo vive neles e isso é mais do que suficiente! (At 5,15)

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