domingo, 12 de abril de 2009

Porque gostamos tanto de estar juntos?


Excetuando todos os significados históricos, etimológicos, filosóficos e muito mais que discorrem sobre a páscoa, quero apenas falar, de forma sucinta, sobre algo que sobrepuja a todas essas conceituações enciclopédicas – o sentimento que nos faz gostar tanto de comemorar e principalmente comungar com aqueles que tanto amamos.


Para isso, quero apenas me utilizar do texto esquecido de Lucas sobre a páscoa; consequentemente reinterpretado para a celebração do que viria a ser a Ceia. Será ele o único a relatar a possível fala de Cristo quando o Mestre, ao estar com os seus discípulos mais chegados – os doze – diz do fundo da alma: “Desejei muito (ansiosamente) comer convosco esta páscoa, antes do meu sofrimento” (Lc 22,15).


O interessante mesmo, além do fato dessa fala ser apenas encontrada no texto Lucano, é que Cristo está se pronunciando como um homem normal e o fazendo sobre coisas normais, porém da alma. Ele não está preocupado com o tipo, a qualidade ou a quantidade do pão ou do vinho. Muito menos acordou naquele dia com a intenção premeditada de institucionalizar a mundialmente conhecida Ceia. A fala de Jesus é simples: eu desejei ardentemente participar desta comunhão com vocês – ou seja – estar junto de vocês; poder olhá-los pela última vez; poder senti-los, tocá-los; rir um pouco com vocês sobre as coisas aparentemente banais da vida; comer e beber e fazer tudo isso agradecendo ao Pai por tal oportunidade.


Apesar de nós, ocidentais, não termos muito este sentimento de tanta reverência e preocupação com quem colocar à mesa nas refeições; fato é que os Judeus tinham e o tem até hoje. E de que isso nos importa? No fato de que, mesmo sendo Cristo judeu e os seus discípulos que ali estavam também, ele se permite, ainda que num momento tão sagrado – a refeição – participar com aqueles homens incrédulos, duvidosos, e tendo ainda o traidor entre eles. Pelo simples fato que ultrapassava a tudo isso – ele os amava assim mesmo – e isso, para ele, era mais do que suficiente.


É justamente esse sentimento mais importante – o desejo de se estar junto de quem tanto ama – que supera os pequenos detalhes periféricos, tais como o fato de (às vezes) não se ter o melhor pão ou melhor vinho; de não ter o bacalhau ou o salmão; de não se ter o ovo de páscoa número 20 ou a caixa de bombom de 400 gramas. Isso tudo é periférico, adjacente, inexpressivo. O valioso é ter algum alguém para se estar perto, amar, olhar nos olhos, sorrir e se divertir – sempre dando graças a Deus por tudo isso. Se possuirmos a quem amar, de que nos importará o resto?


Ah, e porque gostamos tanto de estar juntos? Pelos simples fato de que somos todos seres completamente interdependentes e assim, totalmente carentes de proximidade e relacionamento. O resto, é só resto.


Só vitória, no Cristo que tem nos dado o maior dos exemplos – o de valorizar mais o amar do que o possuir... Boa páscoa para todos nós!

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