sexta-feira, 15 de maio de 2009

A ventania

Ontem de madrugada ventou bastante. Tanto que deu para se ouvir o mesmo cantando, uivando; o que ilustrou bem a passagem bíblica onde se relata que Jesus acalmou a tempestade, ordenando também que o vento se calasse (Mc 4,39). Ventos que precisam se calar, são aqueles que “falam” – e o de ontem, falou com certeza.

Ventos assim assustam pessoas hoje ainda no século XXI, mesmo morando em casas com estrutura considerável, com paredes de cimento, tijolo, colunas. Imagine o que tal cantoria da natureza não provoca, no meio do mar, num barquinho sem nenhuma estrutura de segurança, muito menos sem nenhum colete de proteção?

A ventania de ontem só provocou um bate-bate geral nas portas e empoeirou mais ainda meu quarto; mas também pudera – eu não estava num barquinho em meio a uma forte tempestade. Todavia, o que isso tudo significa? Simplesmente que o que faz a diferença é a estrutura que possuímos sob nós e não o perigo em si; uma vez que calamidades, sejam elas pessoais ou não, de cunho social, espiritual, sentimental etc, ainda que numa mesma proporção, provocarão resultados mais ou menos fortes, deixaram mais ou nenhuma sequela, ainda que atingindo com a mesma intensidade pessoas distintas, dependendo exclusivamente da estrutura.

Assim que uma tempestade no meio do mar será infinitamente mais grave e sentida por pescadores num pesqueiro simples, do que por marinheiros num navio de guerra. Note: a situação de periculosidade é idêntica – uma tempestade. O diferencial está, porém, no suporte, na base, na estrutura sob nós. Não apenas física – o que é mais latente neste caso específico – mas também nas pessoas, no ambiente, em nosso subconsciente, em nossa percepção da vida.

Enfim, as tempestades e os ventos uivantes continuarão sempre a acontecer. Resta-nos saber se passaremos por eles tranquilos, na certeza de que temos Jesus no barco – e isso nos basta – ainda que ele possa parecer desatento ou dormindo – tenha certeza – é só aparência. Ou se nos desesperaremos. O que nos diferenciará será a estrutura. Onde e em que estão os nossos fundamentos?

Só vitória têm aqueles que buscam edificar a sua vida sobre a rocha que é Cristo (Mt 7,24-27).

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