terça-feira, 5 de maio de 2009

Salmo 51 (Parte II)

Alguns dias atrás comecei a comentar sobre o meu salmo preferido – o 51. Na ocasião, falei sobre a primeira parte do verso 10 (“cria em mim ó Deus um coração puro...”). A intenção era comentá-lo todo, ainda que aos poucos. Aqui vai então, mais uma parte desta obra de arte vinda direto da alma de Davi para os nossos corações, ainda que o mais famoso rei de Israel sequer tenha tido noção de que um dia nós existiríamos – mas o Deus que o conduziu, certamente sabia que hoje estaríamos aqui nos deliciando com cada uma dessas belas palavras de vida.

Nosso papo de hoje será sobre a primeira parte do verso 12, onde o salmista em oração diz: “Restitui-me a ALEGRIA da TUA salvação...”; ou ainda, “devolva-me o júbilo da tua salvação...”.

Já tem algum tempo que comentamos aqui sobre a alegria de se cultuar a Deus. Ontem mesmo falamos um pouco sobre isso, ao questionarmos porque em muitos cultos não sentimos o prazer insondável de se estar na presença de irmãos e mais ainda porque esses são apenas irmãos nominais e não reais? Aqui, Davi sente que está numa situação deplorável. Não é nem a questão da reputação, do pecado em si, ou mesmo do que as pessoas andam comentando nas esquinas sobre a vida do rei. O que mais incomoda o monarca neste momento de transbordar da alma, não vem de fora, mas de dentro; pode não está explícito, mas implicitamente o devora como uma chama que vai aos poucos ardendo e se tornando incômoda. O que Davi manifesta ter perdido, muitos sequer jamais possuíram por um dia só: a alegria que vem exclusivamente da graça de se sentir salvo.

O mais interessante é que ele não clama por algo que achava ser seu, de direito pessoal e intransferível. Ele não argumenta ter que receber de volta o que era dele ou coisa assim. Como é sua alma que fala, o famoso rei diz, clama, berra ainda que sem gritar, ainda que ninguém veja ou ouça – mas suas entranhas transbordam de pesar e as palavras saem para o papiro na forma de um sopro ousado de esperança: “eu preciso sorrir novamente” é o que diz o rei. “Eu preciso voltar a acordar de manhã e achar graça no gorjear dos pássaros”. “Eu preciso voltar a sentir a tua presença no meio das ovelhas, nos meus aposentos, na hora de eu dormir; entre as estrelas e a lua; do despertar do sol e no cair da chuva”. Em suma: “DEVOLVA-ME, mas do que tudo na vida, aquilo que só tu (ó Senhor) podes me dar: A graça de achar graça em tudo o que tu fazes para mim”. A alegria pura e genuína de ser apenas teu. A alegria de além de ser, se sentir salvo.

Quando olho para este versículo, reproduzo-o como minhas palavras em oração, sempre e sem acrescentar nada. Apenas pedindo: restitui-me Senhor a alegria da tua salvação! Quando leio esse texto, não consigo compreender como alguns ainda persistam no erro de fingirem estar bem e felizes pelo simples fato de estarem indo para uma reunião religiosa. Como alguns se contentam com tão pouco do tudo que Deus pode nos oferecer. Como algumas pessoas podem passar uma existência inteira sem jamais terem tido a alegria da salvação.

Nessa vida temos aflições, pesares e perdas. Sofremos derrotas e decepções. Nos entristecemos e passamos por situações inesperadas, muitas inexplicáveis aos nossos olhos e incompreensíveis ao nosso raciocínio. Todavia, não podemos jamais perder o sentimento da alegria da salvação que vem de Deus. Por isso que gosto bastante da enlouquecedora e ousada frase de Paulo, ao se colocar como ministro do Evangelho de Deus, afirmando a conduta que esses deveriam ter, em todas as situações: “...entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, mas possuindo tudo” (II Co 6,10).
Só vitória nesse Cristo que dá a alegria e o privilégio, a todos aqueles que o recebem e creem no seu nome, de serem feitos filhos de Deus (Jo 1,12).

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