domingo, 17 de maio de 2009

Para que serve teologia?

Não adianta, eu sei que é ingrata a vida daquele que tem a ousadia de pretender estudar teologia. Uma vez que o economista – o bom economista – tem a tranquila capacidade de dar explicações sobre a complicada bolsa de valores, sobre a queda do Dólar ou ainda sobre o melhor tipo de investimento em tempos de crise; o advogado, ainda que recém formado e sofrendo com todos os favores que seus queridos parentes, que não estavam nem aí pra ele enquanto ele cursava a facult, mas que agora batem no peito dizendo “meu filho é advogado”, “meu sobrinho se formou em Direito” etc... enfim, estes também têm a idéia de que o formando sabe tudo de leis, desde problemas com a CLT até o possível assédio sexual no ambiente de trabalho, passando pela possibilidade de processar o colégio do priminho mais novo, simplesmente porque seus tios acham que foram constrangidos, por estarem com mensalidades atrasadas mais de três meses. Ou ainda o coitado do professor, que seja sua especialidade qual for, sempre terá um engraçadinho na família querendo que ele corrija um texto, explique detalhadamente sobre a revolução de 64, ou ainda traduza uma música em tempo real, que está tocando na festa de casamento daquela última prima encalhada.

Todas estas profissões, ofícios ou atividades porém, por mais dignas de honra e complicadas por causa do exagero de solicitações dos que nos cercam, nem chegam perto em dificuldade daqueles que têm a impensada idéia de cursarem teologia e ousarem querer saber sobre Deus.

Sua família dificilmente o procurará para falar sobre qualquer coisa ou tirar qualquer dúvida, a não ser os seus irmãos que talvez escarneceram de ti, questionando se não é vagabundagem não querer ter uma “profissão normal”; ou seus primos que riram de você, às vezes na lata mesmo, e na grande maioria das vezes escondidos.

Todavia, quando a vida e a morte, a esperança e o desespero, a harmonia e a desordem, parecerem bem próximas uma das outras; não será o advogado, o mestre, ou ainda o economista a serem bombardeados com perguntas e questionamentos os mais elaborados possíveis. Não. São aos estudantes ousados da Bíblia que se questionará, “porque meu marido, tão bom e novo, morreu dessa forma?”; “onde estava Deus quando meu filho de apenas 10 aninhos foi atropelado?”; “mas porque Deus permite tudo isso?”. São porquês e mais porquês que por mais inteligentes que sejam professores, economistas e advogados nada podem oferecer de resposta. O problema é que nós, que ousamos querer entender de Bíblia e assim do Deus único que se revela através dela, também pouca coisa podemos explicar.

A diferença talvez esteja no fato de que conhecemos que não conhecemos quase nada de Deus, e que estes seus caminhos, muitas das vezes tortuosos, são na verdade, caminhos de paz, de aperfeiçoamento, de aprendizado e salvação. Que perdas atuais, servem para se aprimorar a expectativa da vitória próxima. Enfim, falamos sobre a fé – que não se aprende em academia, nem em cursos de latu ou stricto sensu e sim pela experiência de se viver, dependendo daquele que sempre soube o que é melhor para nós.

Assim, ainda que possa parecer ingrata a vida daqueles que ousam se deliciar da Palavra de Deus, a utilizando como alimento para suas almas e como padrão para suas vidas; a certeza é de que o nosso prazer é saber que estamos aqui para isso – anunciar a Boa notícia do Evangelho de Deus – a inédita esperança de que o Cristo que havia de vir já veio e vive eternamente. Ensinando-os a guardar todas as coisas que temos aprendido. E eis que Jesus estará conosco todos os dias da nossa vida, até a consumação dos séculos (Mt 28,20).

Só vitória nesse único Cristo, que nos ungiu a pregar o ano aceitável do Senhor; a consolar todos os que choram, e a por sobre os que estão de luto, uma coroa; e em vez de cinzas, óleo de alegria e vestes de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que sejam chamados carvalhos de Justiça, plantados pelo Senhor e para a sua glória (Is 61,1-3)!

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